domingo, 18 de novembro de 2018

Estremecendo as Paredes



Eu ri observando os dois, que se rodeavam sem sair de seus lugares. Sentada com o encosto da cadeira virado para a frente, ela gesticulou agressivamente em resposta a algo que ele disse. Ele gesticulou tão duramente quanto, o que a fez… abrir outro botão da camisa? Aqueles dois. Eu nunca tinha ouvido o meu primo Clark reclamar tanto de uma mulher, o que me dera a certeza de que ela era feita para ele. A Vivian isso, a Vivian aquilo – nas últimas semanas, Clark não falava de outra coisa. Me recostei no bar e analisei o ardor entre os dois. As palavras eram antagônicas, mas a expressão corporal não deixava dúvidas: eles já estavam se pegando, apenas não sabiam ainda. Ele inclinou o corpo à frente; ela inclinou o corpo à frente. Ele revirou os olhos; ela revirou os quadris. Havia fogo nas palavras dos dois; nada comparado ao fogo de seus corpos, porém. Eu raramente sentia esse fogo. Na verdade, estava sentindo tudo gelado, frequentemente tomada por um suor frio. Mas isso é normal para uma noiva, certo? O casamento seria em um mês. Após passar as últimas semanas correndo feito louca com os preparativos do casório, eu resolvera me regalar com um fim de semana na minha pousada favorita em Mendocino e com uma visita ao meu primo favorito. Essa visita era o respiro que eu precisava da vida em San Diego. Passara os últimos dias caminhando na praia, observando uma fogueira crepitante à noite e tentando olhar em perspectiva para minha vida. E ouvindo Clark falar sem parar sobre essa garota que tinha virado seu mundo de cabeça para baixo. Eu deveria estar escrevendo mensagens de agradecimento pelos presentes já recebidos, mas distrair a cabeça com meu primo um pouco antiquado e romântico incurável e sua óbvia queda por essa nova moradora da cidade era o que eu realmente precisava. E, agora, vendo os dois naquela dança, o olhar dele sendo repetidamente atraído para os peitos que ela – conscientemente, ao que parecia – estava usando muito bem a seu favor, me dei conta de que era assim que as coisas deveriam ser. A dança. O magnetismo, a faísca, o ardor. Eu nunca tinha experimentado essa faísca com ninguém. E, depois de ver Clark se atracar com a sua Vivian, me dei conta de que eu também queria me queimar. Não tinha mais tanta certeza de que a chama continuava acesa em San Diego... 

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