terça-feira, 13 de julho de 2021

Tongue

 


Eu sou muito escuro para a luz dela.

Eu sou quem eu sou, e não vou me desculpar por isso.
Eu não sei ser...
Normal.
Tenho meus motivos. Eu passei por um inferno.
Eu toquei nas próprias chamas e dancei com o demônio.
Intimamente.
A maldição queimou minha alma até que ficou negra.
Então eu a vejo.
Estou encantado, mas não consigo falar com ela.
Ela é pura demais. Muito frágil.
Muito inocente.
Ela não precisa ver minha alma queimada.
Ela não precisa provar minha maldição.
Eu vejo o que não posso ter.
Eu juro que vou proteger ela.
Mesmo que ela não saiba que estou lá.
Eu estou mais...
Encantado.
Ela adora livros.
Eu me pergunto se eu poderia amá-los também.
Ela adora vinho.
Eu nos imagino compartilhando um copo.
Imaginação. Que provocação.
Apaixonado. Em transe.
Obcecado.
Ela me sente lá. Me vê com o canto do olho.
Sou a razão pela qual o cabelo da nuca dela está arrepiado.
Mas fico nas sombras a que pertenço.
Até eu não conseguir.
Até o dia em que a vejo chorar.
Essas lágrimas parecem feridas abertas.
Eu quero curá-las.
Mas tudo que ela faz é correr.
Então eu sigo.
Apaixonado.
Em transe.
Obcecado.
CRUEL.
Não vou parar até que ela não tenha mais motivo para chorar. Mesmo que isso signifique que eu tenho que cavalgar através do fogo do inferno mais uma vez.


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